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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vida de verdade

"... Toco a vida pra frente, fingindo não sofrer... Mas o peito dormente, espera ..." Esse estrofe da música A Alma da Mulher do Zé Ramalho define muita coisa na vida de muita gente. Às vezes, não se é feliz, mas não se consegue fazer diferente, dar um giro de 180 graus. Às vezes, só o que se consegue fazer é fingir, tocar pra frente e esperar, tic-tac, tic-tac. Mais um ano, mais um dia, mais uma década. Talvez já seja tarde, para tanta coisa que se sonhou e não se conseguiu...
Talvez não seja para vc aquilo que vc quis. Talvez vc não mereça. Pode ser Karma, praga, lei da causa e efeito, sei lá, alguma coisa aconteceu lá atrás e te impediu de chegar onde vc queria.

E o que fazer com esse sentimento de derrota? Num mundo em que só se prepara as pessoas para a vitória, para ser um vencedor? E quando vc tentou, fez tudo que podia, que estava ao seu alcance mas não conseguiu o troféu? O mundo ocidental condena os perdedores, de qualquer espécie, ou em qualquer setor da vida, ao exílio. Por isso, a gente fingi. A gente fingi não sofrer, a gente fingi que nossa vida só tem vitórias, esconde as derrotas, celebra os ganhos e esquece as perdas. Mas a nossa alma não esquece, e cobra, cobra caro os sentimentos camuflados, secretos, escondidos, relatados apenas no consultório do terapeuta.

E tem mais. Se você ousar desabar por aí, dizer que levou um pé na bunda e tá doendo um monte, que vc tá com uma puta vontade de não ter nascido, de pular da ponte da Azenha no Arroio Dilúvio, sei lá, vc será taxado como louco. Além de perdedor, LOUCO. A vida tá assim: tem que fingir que se é um vencedor em tudo e que se é estupidamente feliz. Perdas e tristezas são muito mal vistos. O sentimento de ojeriza com estes temas é geral.

É por estas e por outras que eu tenho o Esculacho da vida real. Por que aqui, o que pega mal, é ser muito normal e feliz como comercial de margarina. Vida de verdade, tem vitória e tem derrota. Tem ganho, mas tem perda. Tem elogio e esculacho. Tem amor e ilusão. Tem paixão e pegação. Tem vida e tem morte. Tem o hoje e o amanhã. Pois o mundo gira. E quem tá triste hoje, pode gargalhar de felicidade amanhã.