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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mosaicos

Minha vida cheia de lances dramáticos, uma colcha de retalhos; não, mais parecida com esses basaltos irregulares que meus pés, outrora faziam toc-toc. Hoje ainda ando nos basaltos, pensando em seus cortes diferentes, com uma pedra em cada formato, elas lembram minha vida e suas incógnitas. Agora meus pés fazem pã-pã, não uso mais saltos de toc-toc. Paro um pouco, não sei diretito onde vou, aproveito e olho o Muro da Mauá, com 3 metros acima e 3 metros abaixo do solo.

Esse Muro da Mauá que tanto portoalegrense quer derrubar, lembra um pouco o que eu sou: um equipamento útil mas pouco aproveitável... O Muro da Mauá está aí para proteger nossa querida cidade das forças das águas do Guaíba. Esse Guaíba que todo gaúcho, gaudério ou do Bonfa, mas geralmente bairrista, diz que tem o por do sol mais lindo do mundo.

Ainda não vi todos os sóis, de todos as partes, mas esse aqui é lindo mesmo. Saio do meu devaneio e volto a refletir nos pedaços recortados da minha vida e, como o basalto irregular , esses pedaços percorridos ora com riso, ora com lágrimas, ora com amor.

Continuo a caminhar, deixo o sol esquentar minhas ideias. Já não sei se vale a pena unir, colar, cimentar, juntar tantos pedaços. De qualquer forma escrevo para tentar fazer um mosaico com as pedras da vida.

Pã, pã, pã .... Caminho mais um pouco e chego num dia lindo, com 18 anos, não queria sair para dançar, mas saí. Depois desse dia minha história nunca mais seria a mesma. Tento prestar atenção, pensar se poderia ter sido diferente. Não adianta, as pedras foram se colando, os caminhos se formando e eu, apenas segui em frente. Bem que alguma vidente poderia ter me avisado para não sair, para não me envolver com ninguém naquela semana, naquele mês. Quando a história vem escrita, quando é o destino, não tem aviso, não tem desvio, premonição, só há uma direção, apenas um caminho.

Tudo começou há 22 anos ... Era dezembro de 1987, fazia uma semana que havia completado 18 anos. Naquele Porto de Elis, um lugar onde os antenados, descolados frequentavam para ouvir boa música e dançar. Fomos eu e a Ucha. Tão jovens, tão felizes por ainda ter a vida pela frente e tanta esperança no futuro.

No som frenético eu dançava... como se a vida fosse cor de rosa... (continua um dia).