Quem sou eu

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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Minha imaginação vem de berço

Desde pré- adolescente eu tinha a mania de anotar tudo que vivia e sentia num caderno. Não era um diário pois não tinha chave, os textos, muitas vezes, eram escritos em parábolas, poesia na terceira pessoa, eu fazia o necessário para não ser apontada caso alguém lesse aquelas baboseiras. Mas como quem não deve naõ teme, meu caderno sempre rodou pela casa na maior paz e harmonia.

Um dia, na casa de praia, uma das gêmeas amigas minhas de balada, veio lá em casa desabafar as mágoas de um guri que não queria mais ficar com ela, coisa e tal, o primeiro amor e a primeira dor de cotovelo. Era choro prá mais de metro. Eu ainda não tinha passado das poesias e das paixões platônicas, tava apavorada com o desespero da outra. Conversei baixinho, era tarde da noite, acalmei, dei conselho, fiz o que pode fazer uma amiga nestas horas.

Acontece que lá de seu quarto, minha mamy entendeu tudo errado. Entendeu que eu escondia algo, que a minha amiga me acalmou, que quem chorava era eu, etc. No outro dia ela levantou bem cedo pronta para descobrir o que estaria acontecendo comigo. E eu, dormindo o sono dos justos nem desconfiava na chave de cadeia em que estaria metida dali a instantes...

Minha MÃE pegou meu caderno, cheio de parábolas e cheio de rabiscos de meu irmão de 4 anos. Seguidamente ele rabiscava riscos desconectos e sem significado por cima de meus escritos. Só para comprovar que imaginação vem de berço, minha mãe ficou histérica e horrorizada achando que aquelas poesias totalmente inocentes tinham um fundo libidinoso totalmente comprovado pelos rabiscos que "simbolizariam" um ato sexual disfarçado... Puxa, naquela época eu mal tinha dado uns dois ou três beijinhos, rs, rs. Mas só não sofri a fúria da minha mãe pois minha amiga veio depor a meu favor e contou que era ela que estava chorando na noite anterior e minha irmã disse ter visto várias vezes nosso irmão pequeno riscar meu caderno... Aquele dia poderia ter sido um massacre de inocente, mas fui salva no último minuto do segundo tempo. Os rabiscos do meu irmão, até hoje, fico pensando se tinham algo simbólico.Nunca vi nada. Mas situações como estas se repetiraram comigo várias vezes. A minha vida sempre foi cercada por parábolas, charadas e rabiscos sem sentido.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Peixe no aquário

Como um peixe dentro do aquário ela viveu muitos anos...talvez vivesse a vida toda. O mundo ria e percorria suas estradas, seus caminhos próprios e impróprios, todos dançavam, uns dançavam na vida, outros literalmente dançavam...

O peixe tinha lá seus sonhos, seus anseios, mas nada era fácil dentro daquele aquário. Mas um dia deu-se conta que para aqueles que estavam fora do aquário também não era fácil. Era só uma questão de perspectiva.

O peixe nadou milhares de quilômetros dando voltas naquele cubículo redondo e chegou a conclusão de que teria que viver o máximo que pudesse dentro daquele ambiente pequeno. Teria que fazer sua vida e seu mundo muito maiores do que aquele espaço.

A vida, para alguns, poderia ser perfeita como comercial de margarina, mas para quem nadou tanto, não poderia morrer na beira da praia, tendo o pão, mas sem margarina. Achou melhor continuar a nadar, enveredar-se por caminhos nunca antes percorridos, jogar-se no mundo, aquele mesmo mundo que não permitia que ela, o peixe, saísse do aquário.

Esse aquário vai crescer. Mesmo sendo um crescimento interno, mental. Ele vai crescer. O peixe está sonhando, tem medo de não dar conta da vida toda neste espaço, mas fará tudo para não ter uma existência medíocre, mesmo neste espaço apertado. Quando outros passam a habitar este cercado, o mundo parece maior. A cerca, as paredes, as limitações, enfim, tudo tem outra conotação. Um dia muitos ficarão surpresos ao ver ela, o peixe, nadar pelo mundo, fora do aquário, de morada nova e esperança na vida.
O mundo, realmente, tem o tamanho que a gente acredita...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Duda

Mais uma vez estou tentando domar o meu egoísmo próprio de pessoas livres, desimpedidas de amarras com filhos, obrigações como fazer janta, acompanhar as lições de casa, etc. Para bagunçar um pouco a minha vida, fazer a casa arrumadinha ficar mais bagunçadinha, com jeito de gente viva ali dentro, adotei uma poodle, a Duda.

Já tive cachorro antes, meu primeiro "filho-ote", mas morava em casa e ele ficava na garagem. Agora eu moro em apertamento, e ela fica em todo lugar que eu fico. No início cheguei a ter uns chiliques quando chegava do serviço às 19 horas e encontrava a minha sala e cozinha em petição de miséria. Eu me sentia dentro daquela música do Chico Buarque "todo dia ela faz tudo sempre igual, e acorda as 6 horas da manhã... e chega em casa e limpa vários cocôs de Duda, recolhe jornais, lava o chão, lava o pano, pendura pano ....".

Mas eu quis, e eu persisti. Acordava, colocava Duda no seu toalete, ficava olhando para ela se concentrar e fazer as necessidades ali, no local indicado. Foram três meses de adaptação e finalmente a Dudinha faz no jornalzinho. Agora Dudinha está trocando dentinhos, roi tudo que é duro e possa massagear suas gengivas. Mas a Duda cresce muito rápido, tá ficando espaçosa. Qualquer dia eu terei que pedir para sentar no meu sofá. Educar um cachorro é uma tarefa eterna. Você tem que ser constante, sempre.

A cachorra tem uma cara preparada para amolecer coração de pedra. Me olha com uma cara de súplica, aqueles olhos tristes e lacrimosos, não tem como não ceder. Acabo colocando a peluda no meu sofá. A sorte é que ela não larga pelo.
Acho que ter um bicho em casa ajuda a gente a tirar o foco de si mesmo. Pensar demais em si mesmo enjoa. Acho que este é um dos motivos de as pessoas terem filhos. Quando vc já conhece sua vida de trás para frente, sabe como começam e terminam suas histórias, aí é hora de dar uma bagunçada e virar o foco. A Duda faz festa quando chego, faz traquinagens que me divertem e alegram, brinca de buscar a bolinha, implora comida, pede chamego, enfim, ela é a Duda do Vivendas do Ouro Preto.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Jornalista por formação

O talento é inerente ao bom desempenho de qualquer profissão. Mas a formação, calcada na orientação correta, na labuta diária nos bancos acadêmicos e estágios afins, lapidam a pedra bruta para fazer aparecer o valioso diamante...

Tanta perseguição, tanta cretinice.... Os senhores feudais do STF julgaram que a partir do momento que para ser cozinheira ou costureira não há necessidade de diploma, para ser jornalista também não será obrigatório. Quais interesses atrás disto ? Reduzir custos a troco de mão-de-obra barata ?? Pagamos cerca de R$ 1200 por mês numa faculdade de jornalismo e o piso da categoria é esse mesmo valor (aproximadamente). Agora, talvez o piso baixe mais. Agora, talvez, o jornalista volte a ser um personagem marginal, como era considerado no início do século XIX. É isso o que fizeram conosco: nos colocaram à margem.

Mas os interesses contra os quais teremos de lutar são milionários. E os poderosos adoram os donos dos veículos de comunicação e "odeiam" jornalistas. Temos que nos unir mais do que nunca e lutar. Lutar pela nossa dignidade. Lutar por essa força adquirida no exercício da profissão e muitas vezes inspirada nos anos de faculdade: "o jornalista nunca pode perder a capacidade de se indignar". Era isso que nos dizia um saudoso professor de Jornal I. A indignação deve nos unir e nos fazer crescer. Quantas vezes nos achincalharem, tantas vezes gritaremos e lutaremos por nossa valorização e importância no rumo de nosso país.

Vamos à luta. Esmorecer jamais. Os "jornalistasinhos" são realmente pessoas chatas, que colocam o nariz onde não devem, que filmam, fotografam, denunciam, salvam, alertam, orientam, ensinam, formam opinião. A quem interessa formadores de opinião sem formação, sem qualificação ?
Eu sou jornalista por formação ! E por lapidação !

domingo, 10 de maio de 2009

A boazinha alimentada pelo prozac

Acho que a tiazinha boazinha se mandou. Talvez ela volte, mas por enquanto, tá aqui uma amazonas com espada e escudo. Pronta para a guerra ou para defender os oprimidos.

Tudo começou a mudar quando ela teve a infeliz ideia de que era "forte como uma rocha" e que poderia emagrecer tomando anfetaminas. Depois vieram alguns problemas de saúde, outros tratamentos, e a mistura dos remédios ficou impraticável. A vontade de viver venceu, mais uma vez, larguei as anfetaminas, e optei por ser uma gordinha viva e alegre. Só que a coisa não parou por aí. A gente não pode largar as anfetaminas de vez. Tem que ser aos poucos. Como fiz errado até para largá-las, paguei o preço das minhas asneiras de querer ser magra e bonita.

A minha vida emocional virou uma montanha russa. Um fio de alta tensão desencapado, pronto para dar choque. Consegui passar pelo turbilhão destes quase três meses de pane geral, trabalhando direto, sem pedir licença saúde. Na minha loucura isso seria demonstrar fraqueza e fragilidade perante os problemas. Aí decidi parar um antideprê que me davam para tratar fibromialgia e nunca adiantou nada. E é estranho que passei a não deixar passar nada, comecei a ser como era na adolescência. Espero ficar no meio termo, afinal, a gente nunca pode dizer tudo que pensa, ao menos no mundo dos adultos. Vale muito saber calar.

Mas gente, também não dava mais para ser uma Amélia, filha, companheira, irmã boazinha e quase perfeita, que não briga com ninguém, que fingi que não entende para não se incomodar. Parece que agora eu tô sem medo de me incomodar. E eu só quero é ter o direito de dizer quando alguma atitude de alguém está me machucando ou me incomodando. Eu preciso colocar os pingos nos is na hora. Tudo isso para não ficar com o sapo emocional entalado na garganta. Descobri que esses sapos que engolia, me intoxicavam e me deixavam com muito dor no corpo, por isso a fibromialgia diagnosticada desde 2005. Se eu continuar a aceitar tudo, a concordar com todo mundo, me sufocando, virá a dor, a inflamação nas articulações e, no futuro, quem sabe algum tipo de imobilidade.

Percebi que tenho me incomodado mais, mas sentido menos dor. Estou colocando para fora e meu corpo responde com menos dor. Gostaria de ser mais forte, mais capaz, com mais jogo de cintura e malandragem. E nesse bolo todo, peço desculpas à minha família, por não ser tão forte e independente como eles esperavam e queriam que eu fosse. Quem sabe um dia. O fato é que "toda unanimidade é burra". Mas q bom que não sou "a boazinha". Sou apenas alguém em busca de si mesmo. Das suas loucuras e dos seus acertos, e procurando estender a mão para quem está perto. Mesmo que ninguém veja. Eu vejo e já tá bom assim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Incluídos, excluídos e a jumentinha bonitinha

Um diálogo de final de noite, poucas palavras trocadas com meu irmão, me fizeram refletir muito ... Ele me disse que nunca contava determinados aspectos tristes da vida dele para ninguém, que procurava passar uma imagem de, sei lá, "bem nascido", de "família estruturada", pois não queria que sentissem pena dele, etc...



Isso me fez repensar minha vida, meus quase sete anos de análise com a psico, mãe/irmã, advogada, amiga, médica; enfim, essa brilhante profissional que é a Karla Nyland, e tudo que passei a entender o porquê de certas coisas. Realmente, ele só podia ser meu irmão mesmo, rs, rs. Há sete anos, quando cheguei no consultório da psico, achava que eu e meus irmãos éramos pessoas boníssimas, pois sempre acolhíamos os marginalizados, excluídos, enfim. Pois é, eu tive de me analisar por seis anos para aceitar que, apesar de arrumadinha, aparentemente dentro do "padrão" vigente, eu dava a mão nas brincadeiras de roda para a Olívia Palito, que vinha despenteada para a aula, magrinha, com remelo nos olhos, que eu (e meus irmãos também) sempre havíamos nos identificado com as minorias pois nós, cada um por um motivo, é um excluído. Nós não somos "Madre Teresa de Calcutá". Só nos identificamos com os nossos "iguais".



É, é muito difícil aceitar as suas perdas, se aceitar. O "Esculacho da vida real" é quase uma metáfora, uma senha que poucos "manos" sabem o porquê. Eu realmente só consigo me abrir com um ou dois excluídos, pois penso que, contando minha história, dou força e esperança para seguirem em frente. Tipo "se eu consegui, você também pode conseguir". A senha é esta. Na terapia eu morro de rir quando conto que tal pessoa me acha uma "guria alegre, cheia de vida...". Mas a terapeuta sempre me situa: "claro, você realmente, apesar de tuuudo, é alegre e cheia de vida. Tens teus momentos down, és muiito sensível, tens tuas fragilidades, que não são poucas, finge ser forte como um a rocha (rocha que foi dinamitada e colada com SuperBonder e durepoxi muitas vezes), és dramática, tens um jeito engraçado de contar as ' graças e desgraças'..."



Mas excluída ou não, fazendo parte da minoria ou não, o fato é que eu consegui meu lugar ao sol. Estou no meio dos "populares", dos incluídos e dos excluídos, dos dentro e de fora do "padrão". E procuro ser legal com todos, apesar da timidez. Muitas vezes me senti na historinha do 'Burro e o poço'... Mas isso é outra história. Meu irmão tá certo, não vale a pena falar nos 'dramanis' da vida para ganhar o Big Brother Brasil.



A história da jumenta bonitinha



Uma vez, passeando na floresta, a jumentinha atrapalhada e sempre faceira, não viu o buraco e caiu num poço fundo. Ficou dias ali chorando, sofrendo, gritando para alguém que passasse ouvir e salvá-la. Um dia um cavaleiro passeava por perto e ouviu o grito da jumentinha. Acendeu a lamparina na entrada do poço e encantou-se com a beleza da jumentinha. Pêlo lustroso, cheia de vida, forte para seguir viagens longas... Seria de muita serventia para um cavaleiro solitário como ele. Mas o cavaleiro, quando viu a profundidade do poço, teve medo e não quis se arriscar na empreitada de descer até lá e tentar tirá-la.



Pensando ser um pecado seguir viagem e deixar o animal sofrendo à mingua, decidiu que era até um ato cristão da parte dele atirar terra para dentro do poço para enterrar a jumentinha em vida. Mas o poço era tão fundo que ele desistiu de continuar e seguiu viagem. A mesma situação se repetiu mais duas vezes... E os respectivos cavaleiros tiveram os mesmos pensamentos, conclusões e atitudes. O último foi jogando terra sem parar (até para ninguém mais cair naquele poço).



Mas qual não foi a surpresa ??? A jumentinha surgiu acima da terra jogada, viva e ainda bonitinha. Ela explicou ao cavaleiro, que a cada pá de terra jogada por ele e pelos outros, ela subia com as patinhas para cima da terra jogada e assim foi subindo o poço. Esse cavaleiro até tentou se engraçar para a jumentinha. Disse que, de certa forma, ela estava viva graças a ele. Mas a jumentinha era jumenta, mas não era burra. Ela sabia muito bem que ele não era o cavaleiro certo. O cavaleiro certo seria destemido, desapegado de preconceitos, um cara do bem, de coração e mente abertos. Daquele tipo que não se assusta com qualquer "pocinho" que a vida apresenta no caminho.

domingo, 22 de março de 2009

Aceitando a vida sem filhos


Depois de tanto lutar por algumas coisas que quis e não consegui, entendi que não adianta a pessoa "dar murro em ponta de faca". Quem se machuca é a gente. Resolvi seguir em frente, contente com minhas conquistas: um emprego ótimo (nos parâmetros da comunicação, q como quase todo mundo sabe, se ganha uma merreca), uma companhia constante, um apartamento reformado e decorado como eu sonhei, um carrinho bem bonitinho, poder pagar a faculdade de um irmão, ajudar alguém hoje e outro amanhã.

Resolvi ter orgulho de mim, me olhar por dentro e levantar a minha auto-estima (ainda tem hífen?). Puxa, passei por tanta dificuldade, fui para o lugar errado (outra profissão), voltei para o lugar certo (jornalista), fui rebelde, porque a vida exigia isso de mim, defensora dos fracos e oprimidos, onipotente, me sentindo um "Deus" capaz de ajudar todo mundo. Até que a ficha caiu e eu vi que sou só uma "garotinha" tentando sobreviver na lei da selva. Que Deus me ajude a sempre ter forças para estender a mão ao meu próximo, a sempre ter uma palavra de consolo para um amigo. Para pessoas que como eu, que não conseguiram formar família, não têm filhos, a única marca, a única semente que a gente pode deixar no mundo é o que se fez de bom... E essa semente eu venho tentando espalhar dia-a-dia.

Quando eu for para o outro lado, não deixarei uma Adrianinha aí, para contar como eu era, as coisas que eu gostava, contar as minhas perdas e vitórias, as minhas lutas e a minha saga, enfim, falar de mim para as próximas gerações. Eu serei como o vento, uma brisa que passou e acariciou, do jeito que podia, a família, os amigos, os colegas de trabalho... Por isso também tento, do jeito que posso, aprender com meus erros e melhorar. Aprendi a aceitar a vontade de Deus, que cada um tem uma missão nessa vida, e que cada um tem os filhos que a vida lhe dá. Com certeza já exerci a maternidade muitas vezes. Já passei noite em claro cuidando de criança doente, dei remédio, levei no hospital, troquei muitas fraldas, já cuidei de cadernos de colégio, arranjei professor particular, já levei criança em dentista muitas vezes... Enfim, não tive filhos, mas sempre tive a exata noção de como é tê-los.

A minha mãe, tentando me consolar, brinca dizendo: tu és uma mulher de sorte. Tu não sabe o que filho envelhece a gente. Olha tu aí, parece uma garotinha, uma mulher de quase.... bah, também não preciso escancarar a minha idade né?? A essa altura já é chato colocar isso na internet, rs, rs, mas no meu coração eu sou apenas uma garotinha mesmo. Só isso.

Não vou negar, que não deixar uma continuidade minha, não me deixe uma dor que dói de vez em quando; mas de qualquer forma, a gente tem que aprender a aceitar a vida como ela é. Cada um com sua história. Ando até tentando arranjar uma companhia, uma amiga na mesma situação, para gente se instalar juntas num residencial chique de terceira idade, se eu viver até lá..rs, rs. De qualquer forma, tomara que eu deixe uma brisa suave, fresca, com perfume de alguém que amou muito a vida, e que fez alguma diferença na vida de alguém.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sorriso bobo

Os heróis do Cazuza morreram de overdose... Os meus morreram de aids. Na minha adolescência intensa de emoções, de pouca vivência externa e muita análise introspectiva, meus heróis eram Renato Russo e Cazuza. Meus e de grande parte daquela geração intensa e sonhadora dos anos 80.

Todos meus medos, desde ser assaltada na parada do ônibus na saída do show no Gigantinho até o medo de parecer ridícula dançando como o Renato Russo, desciam ralo abaixo quando a música deles penetrava na minha mente e libertava a minha alma.

Naqueles momentos de catarse o meu eu escondido debaixo de toneladas de timidez e repressão saltava de bungee jump o abismo do ridículo. Eu não precisava beber, eu não precisava de drogas, eu só precisava da música. Ela me libertou, me orientou e fez de mim grande parte do que eu sou. Só quem viveu aquele tempo, aqueles show apoteóticos, sabe do que falo.
Era rock na veia, na alma e no coração. Aqui no Sul o De Falla, TNT, Taranatiriça e tantos outros. O rock ácido e cortante do Camisa de Vênus. E novamente eu me lembro da aids, essa malvada que levou meus heróis tão cedo. Eu me lembro do amor plastificado que tivemos que aprender a viver... Éramos os filhos de quem fez a revolução... Éramos o futuro da nação.
"Sei que as vezes uso, palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas... Já não me preocupo se eu não sei por que, às vezes o que eu vejo quase ninguém vê, e eu sei que vc sabe quase sem querer, que eu vejo o mesmo que vc..."
"Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta, o meu desejo..." E enquanto o "caos segue em frente, com toda a calma do mundo" eu descobri que cresci e sou um "adulto" feliz. É, eu tenho, até hoje, "um sorriso bobo, parecido com soluço".