Quem sou eu

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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O virtual e o real

Alguém já se deu conta da diferença entre o virtual e o real? Às vezes, uma modelo que fotografa bem, parece uma diva destruidora de corações nas capas de revistas. É só ter a produção adequada, com maquiagem e roupas certas. Aí, quando assistimos uma entrevista da mesma menina num programa de televisão, percebemos que “aquela diva” não passa de uma guria tímida, até meio retraída. Acontece.

Assim como acontece de alguém escrever bem, se comunicar bem nas letrinhas virtuais e, pessoalmente, ser tímida e fechada. Essa sou eu até perder a vergonha. Mas deve acontecer com outras pessoas também, com certeza. Até esse blog é uma tentativa de reduzir esta timidez, ao menos no meio virtual. Para algumas pessoas, escrever é uma maneira de se relacionar, se inserir, fazer parte.

As pessoas são diferentes. E penso que se todos fossem somente extrovertidos ou somente tímidos, o mundo seria tedioso demais. O que nos diferencia, o que nos faz querer desvendar o outro, certamente são as incoerências, as contradições. E no quesito contradição, penso que as mulheres são campeãs. Já nascem fazendo tipo, caras e bocas para fotos, se têm cabelo liso, gostam de fazer cachos; se os têm crespos, fazem escova progressiva para alisar; mesmo tímidas, sobem no salto e colocam batom vermelho... Vendemos uma imagem virtual totalmente diferente do real, mas conseguimos passar de um mundo para o outro com a maior naturalidade e incoerência possíveis. Mas os homens devem passar trabalho para entender estas diferenças... Será ?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os sonhos

Transcrevo abaixo algumas pérolas retiradas do livro "Nunca desista dos seus sonhos", de Augusto Cury. São frases que nos fazem refletir e repensar a vida.

* Você não precisa de sonhos para vencer um resfriado, mas precisará de muitos sonhos para suportar com alegria uma doença crônica, para superar com coragem um câncer, um enfarte, um acidente;

* Sem sonhos, as pedras do caminho se tornam montanhas, os pequenos problemas ficam insuperáveis, as perdas são insuportáveis, as decepções se transformam em golpes fatais e os desafios se transformam em fonte de medo;

* Se você tiver de desistir de alguns sonhos, troque-os por outros. Pois a vida sem sonhos é um rio sem nascente, uma praia sem ondas, uma manhã sem orvalho, uma flor sem perfume.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quem tem um amigo nunca fica sozinho


Amizade, amizade .... Tem sentimento mais gratificante que a amizade? Cada um dá o que tem, quando está com vontade, se der vontade. A minha turma do Colégio Rosário foi responsável por grandes demonstrações de amizade que tive na vida.

Nos finais de semana, festas de sábado à noite, eu sempre dormia na casa da Cláudia ali no Menino Deus. Isso acontecia porque eu morava muuiito longe do circuito noturno, lá no Espírito Santo, bairro longínquo da Zona Sul. Numa dessas muitas noites nós inventamos de ir na Crocodilus (Croco para os íntimos). Eu já havia ido na Croco diversas vezes, mas naquela noite o juizado da Infância e Adolescência tinha mandado um fiscal autuar as danceterias da Avenida 24 de Outubro que deixassem menor de 18 anos entrar. Toda nossa turma estava na faixa dos 15 e 16 anos, mas havia um porém: todas minhas amigas eram altas, cerca de 1,70 metro de altura, e eu era a única baixinha.

Como não podia deixar de ser, minhas amigas passaram pela roleta sem ter que apresentar identidade, pareciam ter 18 anos, e quando chegou a minha vez, “barrada no baile”. O porteiro pediu minha identidade, claro, eu tinha 16 mas aparentava uns 13 anos... As outras meninas haviam passado e foram dançar. A Cláudia e o Vitinho, nosso amigo motorista, também conseguiram passar, mas resolveram voltar quando viram a minha situação. Eu disse a eles que ficaria esperando ali na entrada, que não havia problema, mas a Cláudia, sempre amiga e solidária, não me deixou na mão e disse “não, se tu não vais entrar eu também não vou” e o Vitinho, um gordinho muito querido, xingava as meninas que entraram e nem olharam para trás. Para nos consolar o Vitinho nos levou para comer um xis com fritas (argh!) e depois nos deixou na casa da Cláudia.

Naquela noite nós não chacoalhamos os jovens esqueletos, mas estreitamos os laços de uma amizade inesquecível. Quem tem um amigo nunca fica sozinho.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Rapidinhas DEP

Como sempre digo, vivendo e aprendendo... É muito produtivo, para o sexo feminino, prestar atenção em conversas masculinas. Esta semana ouvi o diálogo entre dois colegas. O mais velho, Paul, dizia ao mais novo, Jo, que o correto era a mulher dividir a conta do motel. Jo concordou que dividir as contas era um tema atual, mas ficou resistente ao posicionamento de Paul sobre a questão de dividir motel.
"Puxa, acho que motel é básico o homem pagar. Não dá para pedir a metade...", dizia o jovem Jo ao experiente Paul. Paul insistiu em sua posição. Para ele mulher tem que dividir a continha... Mas eu, muito metida, fiquei com medo que Paul estragasse Jo para sempre com aquela conversa e disse ao jovem colega, que se ele assimilasse aquela postura muquirana, nunca teria uma mulher decente. Com certeza tem muita gente que vai discordar... Mas opinião é opinião. Cada um tem a sua.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Adrianinha uh e o vô João


Antes que mais alguém pergunte por que meu e-mail é adrianinha uh e isso suscite mais dúvidas, eu explico. Pela família da minha mãe, eu fui a primeira neta, por quatro longos anos eu era a única criança da família. Como adulto tem mania de ficar bobo com criança, meu avozinho querido, o vô João, toda vez que me via fazia careta, batia palmas para mim e dizia "o que que a adrianinha uh tá fazendo? Cadê a adrianinha uh do vô???", e dizem que ele fazia isso o dia todo, e todo mundo ficava tonto com aquela história de adrianinha uh.

O fato é que eu fui crescendo, e para zoarem de mim, a família toda começou a me chamar de adrianinha uh. O apelidinho colou. Hoje só minha mãe fala assim de vez em quando. E eu, que nunca me interessei em ter Orkut, descobri que meu irmão o fez por mim agora no meio do ano. Para zoar um pouquinho, ele criou o e-mail do Orkut com esse nome: adrianinha uh. Depois que ele fez o meu Orkut, eu até passei a gostar. Ás vezes eu sou meio lenta para essas coisas, achava que meu Orkut nunca ia passar de 20 amigos e ia pagar mico, eh, eh, eh.

Mas voltando a falar do meu avô João, puxa, que pessoa importante na minha vida. Desde a lembrança mais remota, eu com cinco anos de idade, esperando ele chegar do serviço com dois bombons love me no bolso para mim. Eu ficava igual cachorro esperando o dono no portão. Mas ele não esquecia dos meus bombons. As idas ao cinema, a primeira vez no teatro, a companhia até o Colégio Rosário para eu fazer o teste de admissão para o segundo-grau... O gosto pela leitura de jornais e revistas, tudo isso aprendi com ele. Segundo meu pai, o vô João era a única pessoa no mundo que conseguia ler jornal, escutar rádio e o telejornal ao mesmo tempo. Acho que essa coisa de ser jornalista veio dele. Era muita informação para uma pessoa só, rs, rs.

Na minha formatura em jornalismo, eu e ele viajamos juntos para Santa Catarina. Era o presente que ele queria me dar de formatura. Estivemos em Canasvieiras e depois na Ilha de São Francisco do Sul, terra do meu querido vozinho. Fazia muitos anos que ele não visitava sua cidade. Ficou muito feliz em revê-la. Mas eu senti uma emoção diferente vendo aquela cidade portuária tão antiga. Aquelas ruas estreitas, prédios tombados, aquele clima tão antigo. E pensei que finalmente eu tinha visto um outro lugar ao qual eu pertencia: a terra dos meus antepassados. Amei São Francisco do Sul. E amei mais ainda meu avô, por entender de onde ele veio e onde ele conseguiu chegar...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dody e a casa dos ventos uivantes


Hoje eu comecei a lembrar do meu cachorro, o Dody, e não pude deixar de ter um sentimento de gratidão pelos dez anos que passamos juntos. Só quem já teve ou tem um cão de estimação sabe que não existe amigo mais abnegado e fiel.

Lembrei de nós dois passeando pelo calçadão de Ipanema, eu tentando controlar aquele cão imenso e estabanado. O gari correndo atrás do caminhão de lixo com um saco na mão e o Dody escapando de mim para morder o glúteo saltitante do coitado do trabalhador. A sorte do gari foi ter conseguido pular na boléia do caminhão um segundo antes da bocarra do Dody saltar no ar. Naqueles segundos que me pareceram horas, eu só consegui pensar em quanto seria o pedido de indenização que o gari me pediria na justiça pelo glúteo arrancado...

Naqueles anos em que morei sozinha na casa do Espírito Santo, visada por todos ladrões e gatunos da região, ele foi o vigia mais competente e incansável. Eu nunca poderia expressar em palavras a aventura de uma moça morar sozinha numa casa de 150 metros quadrados somente com um cachorro de companhia. Eu, ele e o nosso morro dos ventos uivantes. É isso mesmo, em noites frias de inverno, o vento no morro do Espírito Santo fazia um barulho parecido com um uivo. As janelas, somente de vidros, sem persianas ou venezianas, aquele vento que parecia um lamento, a rua deserta na noite escura, o vizinho da esquerda era um casa que estava para alugar e o vizinho do lado direito era um mercadinho que fechava às 20 horas.

Sem vizinhos para pedir socorro, com aquele vento que fazia as janelas de vidro baterem, a escuridão da noite parecia lembrar filmes de terror. Quando o medo era maior que o meu orgulho, eu colocava o Dody dentro de casa para me fazer companhia. Ele me olhava bem nos olhos, me fazia um carinho e parecia dizer "fique calma garota, nada de mau vai te acontecer, agora eu estou aqui". E eu finalmente me entregava ao sono. Eu sabia que estava protegida. Eu não sei bem o porquê, mas naquele tempo todo, apesar de todo mundo saber que eu morava sozinha ali, os assaltos à casas pipocando em todo o bairro, nunca tentaram nada contra mim. Eu realmente estava protegida... Meu amigo, fiel escudeiro... Em julho ele morreu. Cumpriu a sua missão de vida. Me cuidou até o final.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Paixão de infância também ensina


Na minha família todos os três irmãos tiveram suas paixões de infância. Acho que estimulados pelo perfil passional da família, um estilo "família italiana". E eu nem poderei falar do Gustavo da meia preta, pois senão corro o risco de morrer.

Eu tive uma paixão (platônica, claro) dos 5 aos 7 anos pelo Leopoldo Loq Filho. Eu e o Leopoldo já nos conhecíamos do Jardim e continuamos colegas até a segunda série. A minha paixão foi surgindo por que o Leopoldo Loq e eu éramos os primeiros da fila (uma coincidência) e tínhamos as mochilas iguais (outra coincidência) e os olhos castanhos dele ficavam esverdeados com o reflexo do sol (lembro como se fosse hoje). Não riam pelos motivos da minha paixão, se paixão já é uma coisa louca para adultos, imagina paixão de criança... O fato é que desde aquela idade eu já me sentia sugestionada a me apaixonar pelas coincidências.

Mas o Leopoldo Loq e eu tivemos uma "química explosiva". Ele era um guri tinhoso, já havia sido expulso de uma escola no primeiro semestre da primeira série. Ninguém agüentava o Loq. A mãe dele implorou para a diretora da minha escola aceitá-lo. Até que um dia o Leopoldo Loq começou a reparar em mim. Mas não do jeito que eu queria... Começou a me perseguir no recreio, a me chamar de "Machadinho, Machadão, ah, ah, ah, ela é um Machadão, ah, ah, ah, ah". Em pouco tempo estavam todos "guris idiotas" do colégio me perseguindo e rindo da minha cara e eu fui me esconder na sala de aula para chorar de vergonha e raiva.

Mas nem na sala eu tive paz. A gang do Loq invadiu a sala e junto com eles várias meninas amigas minhas. No meio daquela algazarra, "ah, ah, ah, Machadão tá com medinho, Machadinho veio chorar, ah, ah, ah", eu tive um momento "Rambo" e surtei, me atraquei com o Leopoldo Loq. Puxei cabelo, arranhei, ele me chutou muito com aquele quixute horrível. E eu chorando e batendo, chorando e apanhando e as gurias gritando "acaba com ele Adriana, arrebenta esse idiota" e o idiota rindo, não saía uma lagrimasinha. Até que ele correu para o fundo da sala para continuar a gritaria. E naquele momento eu tive um dos momentos mais gloriosos da minha vida: peguei minha régua de madeira de cima da mesa e atirei em direção ao Loq. Mira certeira ou justiça divina, o fato é que a régua pegou o queixo do Loq, que na mesma hora caiu combalido e começou a chorar com um filete de sangue escorrendo do queixo.

Aquele momento foi a glória. Todas meninas me cercaram, me levantaram no colo e me elogiaram como se eu fosse um heroína. Risadas, palmas, sorrisos de pura felicidade. Todas meninas ali já haviam sido perseguidas pelo Leopoldo Loq. Mas a farra durou pouco. A professora apareceu e veio tirar satisfação do que havia acontecido, por que o Loq estava ferido, etc. Fizeram curativo nele e depois a gente ainda teve que pagar o mico de se pedir desculpas e apertar as mãos. Até hoje eu não sei se o Leopoldo Loq era masoquista, mas daquele dia em diante ele começou a me tratar como um princesa. Mas a minha paixão acabou naquele dia mesmo. Ali eu vi que não gostava de "química explosiva".

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Usando todas as armas


Uma amiguinha minha, de 83 anos, é uma fonte inesgotável de causos. Natércio, seu falecido marido, era boêmio, muuuuito boêmio. Ela, uma baixinha esperta, muito rápida, independente, moderna, uma mulher à frente de seu tempo, não podia ficar para trás do marido e usava todas as armas para tentar controlá-lo.

Para provocar o marido e deixá-lo com uma barata atrás da orelha, a minha amiga chegava em casa sempre depois de Natércio, cheirosa, maquiada e arrumada, dando a impressão de que tinha passado a noite na festa. Mesmo meio bêbado e cansado, Natércio xingava, brigava, dizia que aquela não era hora de “mulher dele” chegar em casa. Ela rebatia dizendo que se ele quisesse a mulher dele em casa ele teria de ficar em casa também, senão nada feito. Direitos iguais. Com medo de ficar com um peso e dor na cabeça, cheio de galhos pontudos e pesados, o precavido Natércio ficava dias em casa, longe da boemia, cuidando daquela mulher difícil de controlar.

Minha amiga conta isso rindo muito do falecido Natércio. É que na verdade ela esperava o marido toda arrumada, na escadaria do andar superior ao de seu apartamento, pouco antes das 4 da matina, horário em que ele costumava chegar da noitada. Depois que ele chegava, ela esperava passar uns 15 minutos e entrava na casa, com ar de cansada de tanto dançar, totalmente pronta para o combate. Ela mentia que estava com amigas numa casa de tango que havia em Ipanema na década de 60. Eu penso que minha amiga, sempre à frente de seu tempo, se dava a este trabalho, fazia tudo isso, por ser passional e apaixonada demais por seu marido para arriscar perdê-lo para outra mulher numa noite de boemia. No amor ela não era moderna nem independente. Mas será que alguém que realmente ama é?