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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Causo de família I



A História do Pintinho massacrado

Eu e a mãe já estávamos preocupadas com o estado do guri. Tudo que era criança já falava gugu, dada, mã, com um ano de idade. Meu irmão mais novo já estava com dois anos e meio e só soltava gemidos e grunhidos, ahhh, gruuuu, nhééé. Eu, minha irmã do meio, Carla, e minha mãe puxávamos por ele e nada, só grunhidos.

No restante o guri até era normal demais. Um verdadeiro capeta. Montava o cachorro vira-latas da família, o coitado do Neves, como se o cão fosse um touro bravo, segurando as orelhas do desafortunado como se fossem rédeas imaginárias, e lá ia ele galopando o Neves no pátio da casa do Espírito Santo. Se a casa tivesse uns dez minutos de paz, podia ter certeza que nuvens escuras se aproximavam, denunciando a descoberta de mais uma capetice.

Mas voltando ao problema da falta de fala do guri, um dia nossa mãe chegou do Centro com uma revista de horóscopo e simpatias. Faceira que estava, me chamou e mostrou a solução para o problema. Segundo a simpatia da revista, para criança começar a falar, bastava arranjar um pintinho e fazê-lo piar três vezes dentro da boca da criança. Era tiro e queda, dali por diante a criança falaria tanto que iria tontear a família toda.

Como os médicos diziam que não havia nada de errado com ele, que havia de se esperar o tempo individual de cada criança para falar, eu pensei, “bom, mau não vai fazer, vou pedir para o pai mandar um pinto lá do sítio dele”. E assim foi feito. No outro dia o pai mandou o pintinho, bem amarelinho, novinho, bem pequenininho dentro de uma caixa de sapatos. Lá fui eu, a pioneira em simpatias, resolver o problema.

Meu irmão estava no pátio brincando, eu o chamei e pedi que abrisse a boca e ao mesmo tempo coloquei a cabeça do pintinho quase metade na boca da criança e torci para que o pinto piasse três vezes bem rápido. O pinto, que devia estar assustado, piou pela última e derradeira vez em sua breve vida. Meu irmão, que devia estar mais assustado que o pinto, fechou a boca em cima da cabeça do pobre, que ficou literalmente massacrado. Fiquei com o pinto desfalecido em minha mão e um baita remorso para tratar. Daquele dia em diante, a minha breve carreira de feiticeira deu uma longa pausa.

Com o tempo o guri começou a falar, talvez com medo que da próxima vez a gente aprontasse coisa pior, vai saber...

2 comentários:

  1. Bah Adri muito bommmmmmmm...adorei adorei!!!!
    você é maravilhosa!
    bjos

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  2. Ah, é a Nanda prima... Legal vc ter passado aqui e lido as doideiras da família loq. Beijão!

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