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Uma guria criativa, que sempre inventou brincadeiras e jeitos diferentes de resolver as coisas. Jornalista de profissão, dublê de arquiteta e decoradora, artesã e contadora de causos. Uma pessoa que detesta preconceito e discriminação.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Usando todas as armas


Uma amiguinha minha, de 83 anos, é uma fonte inesgotável de causos. Natércio, seu falecido marido, era boêmio, muuuuito boêmio. Ela, uma baixinha esperta, muito rápida, independente, moderna, uma mulher à frente de seu tempo, não podia ficar para trás do marido e usava todas as armas para tentar controlá-lo.

Para provocar o marido e deixá-lo com uma barata atrás da orelha, a minha amiga chegava em casa sempre depois de Natércio, cheirosa, maquiada e arrumada, dando a impressão de que tinha passado a noite na festa. Mesmo meio bêbado e cansado, Natércio xingava, brigava, dizia que aquela não era hora de “mulher dele” chegar em casa. Ela rebatia dizendo que se ele quisesse a mulher dele em casa ele teria de ficar em casa também, senão nada feito. Direitos iguais. Com medo de ficar com um peso e dor na cabeça, cheio de galhos pontudos e pesados, o precavido Natércio ficava dias em casa, longe da boemia, cuidando daquela mulher difícil de controlar.

Minha amiga conta isso rindo muito do falecido Natércio. É que na verdade ela esperava o marido toda arrumada, na escadaria do andar superior ao de seu apartamento, pouco antes das 4 da matina, horário em que ele costumava chegar da noitada. Depois que ele chegava, ela esperava passar uns 15 minutos e entrava na casa, com ar de cansada de tanto dançar, totalmente pronta para o combate. Ela mentia que estava com amigas numa casa de tango que havia em Ipanema na década de 60. Eu penso que minha amiga, sempre à frente de seu tempo, se dava a este trabalho, fazia tudo isso, por ser passional e apaixonada demais por seu marido para arriscar perdê-lo para outra mulher numa noite de boemia. No amor ela não era moderna nem independente. Mas será que alguém que realmente ama é?

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